Cuiabanos relatam pânico e incerteza nos dias pós-furacão
Não deixam a gente ficar em casa", explica. “Os mercados estão muito cheios, porque as pessoas estão comprando água, enlatados, porque às vezes não tem energia. A gente vai vivendo uma situação dessas e fica apreensivo, não tem como, por mais que não fomos tão atingidos”, completa.
“É uma situação que deixa todos nós apreensivos”, contou a Ivanilde Dinallo, 60, que mora há 25 anos em Miami (EUA), e já passou por diversos furacões durante esse tempo. Na noite de quarta-feira (9), a Florida foi atingida pelo furacão Milton, deixando pessoas mortas e muitos estragos nas cidades de Tampa, Orlando e Fort Myles.
Ivanildes conta que se mudou para Miami por curiosidade de saber como que era viver em outro país, mas depois que chegou, não pensou em voltar para o Brasil.
Arquivo Pessoal
Ivanilde Dinallo
“Eu sou paulista, mas depois fui para Mato Grosso. Cuiabá é a minha primeira casa. Quando cheguei em Miami, acabei criando raízes e não voltei mais. Eu sempre visito minha família no Brasil, mas é complicado voltar, depois de tanto tempo aqui”, conta.
Ao , ela conta sobre a experiência de enfrentar o primeiro furacão no país.
“É uma situação muito difícil, porque você tem muito medo do desconhecido. Quando eu cheguei, eu escutava falar, mas eu não tinha ideia de como era. Depois, quando você começa a ver a situação em si, o vento é muito grande, é muito forte, não é fácil. Eu procurei ficar na casa de amigos, que tinha proteção para o furacão, e foi muito complicado, dá um medo muito grande. A gente não tinha luz, não estava preparado para toda essa tristeza que é ver as árvores no chão, as pessoas desabrigadas”, conta
Miami não atingida fortemente, mas Ivanildes relata que a cidade sofreu com ventos fortes dia e noite.
“Foi uma noite apreensiva, de acordar a noite. O vento era muito grande, mas não teve chuva, foi calmo aqui. Então nós ficamos apreensivos com tudo, mas acabou que tudo ficou bem. O mar estava muito agitado. Hoje as pessoas já estão com a vida normal. É assustador que tem muita gente em Tampa, Fort Myles, porque teve muito tornado também”.
Ela relata que os amigos tiveram que se abrigar devido à força que o furacão atingiu algumas regiões. “Algumas pessoas tiveram que se refugiar no banheiro, que é uma parte mais segura da casa”, conta.
"Nos edifícios sempre tem reuniões, chegam cartas para a gente, se for o caso da gente ter que abandonar a casa, tem os lugares que a gente pode ficar, com segurança. Mas eles sempre emitem alerta no telefone, na televisão. Não deixam a gente ficar em casa", explica. “Os mercados estão muito cheios, porque as pessoas estão comprando água, enlatados, porque às vezes não tem energia. A gente vai vivendo uma situação dessas e fica apreensivo, não tem como, por mais que não fomos tão atingidos”, completa.
Eduardo Baldaci mora nos Estados Unidos há 10 anos. Desde 2016 ele possui um trabalho voluntário que auxilia brasileiros a como se prepararem para a chegada de um furacão.
Arquivo Pessoal
Eduardo Baldaci
“Eu já passei por 9 furacões e ajudo cerca de 700 famílias, que entraram no site que criei para ter as informações e falar comigo. Desse grupo eu não conheço ninguém que tenha perdido vida, mas existem muitos danos que estão sendo calculados após o furacão”, narra o voluntário.
Ele conta como sua experiência com os furacões o ajuda a orientar outras pessoas, para que passem por aquela situação de uma maneira menos estressante.
“Muita gente morre do pós-furacão devido ao fio de eletricidade, de uma cobra, de um transformador instalado no lugar errado. É muita informação para quem está no estresse. Então, a gente colecionou tudo isso e vai dando para as pessoas, ‘cuidado com os documentos, passaporte, visto’. ‘Cuida primeiro da família, da documentação, do lar, empregos, carros, essas coisas a gente pensa depois’”, contou.
Atualmente morando em Titusville, ele relata que não foi atingido pelo furacão, mas a cidade sofreu estragos.
“Aqui nós estamos sem energia elétrica, sem nenhuma perspectiva de volta. A companhia de eletricidade já disse que está cuidando dos casos mais sérios. Não temos internet. Está tendo uma greve portuária aqui que criou desabastecimento nos mercados, aí veio o furacão, então a gente não sabe quanto tempo que a gente vai ter um ovo para comprar, um pão”, relata.
Com ventos de 200 km/h, o furacão Milton atingiu a Florida na quarta e dados atualizados na sexta-feira (11) confirmavam 17 mortos, 2 milhões de pessoas sem energia e estragos que alcança 50 milhões de dólares.
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