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Longe da escola há 27 anos, caminhoneiro retorna à sala de aula e conclui os estudos

Determinado a mudar essa realidade, Agnaldo redefiniu a rota e voltou a estudar.

Longe da escola há 27 anos, caminhoneiro retorna à sala de aula e conclui os estudos
Longe da escola há 27 anos, caminhoneiro retorna à sala de aula e conclui os estudos (Foto: Reprodução)

As adversidades da vida forçaram o caminhoneiro Agnaldo Pereira, 48, a ficar longe das salas de aula durante 27 anos. Mas ele sempre cultivou no coração o desejo de concluir os estudos e encontrou na Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Serviço Social da Indústria (Sesi-MT) de Sinop a chance de realizar esse sonho. Agnaldo foi um dos 30 alunos da iniciativa que alcançaram o diploma do ensino médio, com a expectativa de melhores condições salariais.

Em 1997, no auge de sua juventude, o caminhoneiro casou-se e, em seguida, tornou-se pai. Com isso, as responsabilidades financeiras se multiplicaram, o que o levou a trabalhar mais, impactando diretamente seu rendimento em sala de aula. “Percebi que não daria conta, então me dediquei mais à família e deixei a escola. No decorrer dos anos, essa decisão influenciou minha vida profissional, pois não conseguia empregos com salários altos”, lembra.

Determinado a mudar essa realidade, Agnaldo redefiniu a rota e voltou a estudar. “Atualmente, as transportadoras com salários mais competitivos exigem ensino médio completo. Agora, com o diploma, posso concorrer às vagas mais atrativas”, celebra o motorista, após receber sua certificação na última segunda-feira (26).

Rumo à faculdade

Quem também encerrou mais um ciclo em sua vida com um sorriso largo foi a colega de classe de Agnaldo, a empregada doméstica Cirlene Gomes, 45. Mãe de quatro filhas, ela interrompeu os estudos aos 16 anos, quando estava grávida de sua primogênita. Vinte e nove anos depois, Cirlene comemora o primeiro passo para um sonho antigo: ser administradora. “Sempre desejei fazer faculdade de Administração e tenho a esperança de que não é tarde demais para uma nova profissão”, diz.

O vendedor Ricardo Muller, 33, compartilha do mesmo anseio de Cirlene: ingressar no ensino superior. Pai de dois filhos, ele não vê a hora de iniciar na universidade para ampliar ainda mais seu conhecimento. “Não podemos parar nunca. Quero ter um novo emprego e oportunidades. Os professores da EJA me incentivaram muito, foram atenciosos e persistentes comigo. Vou continuar nesse ritmo”, afirma.

Aulas flexíveis

Somente neste ano, aproximadamente 2 mil pessoas se matricularam na EJA do Sesi para alcançar o diploma do ensino fundamental e médio, somando cerca de 5 mil jovens e adultos em sala de aula.

As aulas do Sesi são gratuitas, têm uma abordagem moderna e flexível, possibilitando a conclusão dos estudos entre três meses e um ano, a depender da dedicação do discente. Essa rapidez ocorre porque a instituição utiliza o método de reconhecimento de saberes, mecanismo reconhecido pelo Conselho Nacional de Educação, que avalia as experiências dos alunos a partir de suas vivências, eliminando assim algumas matérias que seriam cursadas, tornando o curso mais ágil.

“A metodologia oportuniza um futuro de realizações para as pessoas que vislumbram melhores colocações no mercado. A educação é transformadora; ela é a ponte entre uma pessoa e o emprego que deseja. Entendemos essa necessidade e desenvolvemos uma EJA de qualidade e flexível”, aponta o gerente de Educação do Sesi-MT, Fernando Pereira.

A analista pedagógica da EJA em Sinop, Adrielle Pereira, explica que as aulas são híbridas, com 80% da carga horária online e 20% presencial. “Os encontros presenciais são realizados uma vez por semana (conforme o calendário do curso). Nos quatro dias da semana em que o aluno não está no Sesi, ele pode acessar a plataforma de estudos de onde quiser e no melhor horário”.

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